Maldita hora que entrei nessa
brincadeira da noite. Por que, tendo tempo para viver os prazeres da vida longa
da noite, fui levado a trair meus instintos com um tesão tão humano, tão perigoso!
Um grupo de Brujhas recém-criados,
dominados pelo abraço recente e o poder da noite se aventuram em uma mata
fechada para brincar de cachorro do mato .
Uma brincadeira insana, que leva
um grupo de sanguessugas a atravessar uma mata fechada e dominada por lobisomens.
Um total de seis crianças entraram
na mata junto a mim. Idiotas! Como poderíamos saber o que estávamos fazendo?
Entramos brincando e fazendo
arruaça, quebrando galhos e desafiando a natureza para nos enfrentar. A poucos
metros do limite da floresta, começamos a sentir a presença predatória dos
donos do pulgueiro.
Tudo foi rápido de mais, não deu
tempo de reagir ou mesmo pensar. Ao perceber aquela criatura monstruosa atrás de
nós com quase três metros de altura, braços que pareciam colunas de um prédio,
que ao primeiro movimento já decepou a cabeça de um dos meus companheiros.
Começou a rosnar e babar olhando
para o resto de nós. E como crianças, corremos desesperados.
Galhos bateram e cortaram meu
rosto, o desespero era tão grande dada a magnitude do meu adversário que eu já
não sabia onde estava nem para onde ia, eu só estava preocupado sobre como
salvar minha não vida o mais rápido possível.
Escutei gritos. O medo da morte
real me acometera como a um mortal. O desespero da morte açoitando minhas
costas me fez usar toda minha perícia em meus poderes, que esgotei meu corpo
antes de chegar ao fim da maldita selva que me rodeava.
Cansado para fugir, me concentro
nos sons da natureza para tentar sentir ou ouvir alguma coisa. O silencio
mortal da noite domina o lugar, não tem animais ou mesmo vento para perturbar as
folhagens a minha volta. Começo a sentir o fedor de cachorro molhado com sangue
fresco no ar. Não consigo mais reagir.
Quantos de nós ainda estamos
vivos?
Fodam-se eles!
Tenho que sair daqui!
Olho pra frente e vejo o pior
dos meus pesadelos se erguendo, saindo da forma de lobo para crinos, gigante, musculoso,
um demônio em forma de fera com dentes e garras prontos a me dilacerar em
pequenos pedaços.
4 de setembro de 20015, 01:00 AM
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